Médica e nutricionista avaliam e instruem atleta para bom desempenho e trocam experiências com quenianos
Daniel Nascimento é o primeiro atleta da Associação Bauruense de Desportes Aquáticos (ABDA) a ser convocado pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) para participar de uma Olimpíada, após conquistar o índice exigido para disputar a maratona. O atleta realiza um período de 45 dias de treinamento no Quênia, junto aos melhores corredores do mundo. A competição está programada para ocorrer no dia 7 de agosto, na cidade de Sapporo, em Hokkaido, cerca de 800 km de distância de Tóquio, capital do Japão. ?Estou fazendo uma preparação para competir de igual para igual nos Jogos Olímpicos e pensando na minha carreira para o futuro, na minha evolução?, afirma o atleta da ABDA de apenas 22 anos.
No Quênia, Daniel Nascimento tem a companhia, há algumas semanas, de Neto Gonçalves, seu técnico da ABDA, também convocado pela CBAt para participar dos Jogos Olímpicos, como treinador da maratona. Recentemente, outras duas importantes companhias da equipe multidisciplinar da ABDA, a médica Daniela Moraes Seda e a nutricionista Carol Bernardino, chegaram ao Quênia para ampliar o suporte ao atleta no período que antecede a ida para as Olimpíadas.
A médica Daniela Seda conta que a ideia de irem para o Quênia foi uma decisão da equipe multidisciplinar que trabalha com Daniel Nascimento há alguns anos em prol da performance, assim como atuam com os demais atletas da ABDA. ?Nossa grande motivação foi dar o suporte para que ele possa se sentir acolhido, se sentir representado pela equipe da ABDA. Em contrapartida, nós retornaremos ao Brasil com uma experiência profissional que vai transcender do Daniel para os outros atletas?, explica a doutora.
ABDA nas Olimpíadas - As profissionais pretendem ficar no Quênia por 10 dias e escolheram estrategicamente as semanas que antecedem o embarque do atleta para Tóquio. ?Nós não vamos a Tóquio porque a classificação para participar depende do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), mas por uma honra nosso treinador Neto Gonçalves foi convocado e irá representar todos nós da equipe multidisciplinar da ABDA nas Olimpíadas?, conta a médica Daniela Seda.
Daniel Nascimento se prepara em Eldoret, cidade com diversos camping de treinamento e considerada ?a casa dos campeões? por ser um local muito procurado para a preparação de grandes nomes do atletismo mundial. ?Nossa acolhida no Quênia foi excepcional. Viemos muito bem preparadas e os treinadores quenianos ficaram até agradecidos por terem essa experiência com a gente também. Está sendo uma grande troca de vivências, uma boa experiência para ambas as partes. Todas as decisões com atletas são tomadas direto com seus respectivos treinadores. No nosso caso, tratamos direto com Neto Gonçalves?, explica a nutricionista Carol Bernardino.
A experiência das integrantes da equipe multidisciplinar da ABDA no Quênia irá contribuir não apenas para crescimento pessoal e profissional delas, mas também com o trabalho realizado com aos demais atletas da associação, em Bauru. ?O grande valor da nossa experiência é conseguir transpor os limites dos atletas da ABDA, mostrando a eles que muito do resultado depende não só da equipe multidisciplinar, mas muito mais da disciplina e do esforço de cada um. Nós viemos aqui, justamente, para nos certificarmos de como a gente consegue ampliar os horizontes dos nossos atletas da ABDA junto a uma equipe multidisciplinar?, pontua Daniela Seda.
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Dia a dia no Quênia - A rotina da equipe da ABDA no Quênia é composta por atendimentos de manhã ao atleta e conversas diretas com os treinadores no período da tarde, reservado para o descanso dos corredores. ?Nosso trabalho aqui com Daniel é muito similar ao que fazíamos em Bauru. Nossa intenção baseia-se na suplementação, na hidratação e nas avaliações de sobrecarga, visando prevenção de lesão e maior desempenho. Não estamos fazendo nada diferente da nossa rotina na ABDA. Única coisa é que seguimos os horários pré-estipulados de treino que são definidos pelo treinador do Quênia?, conta a nutricionista Carol.
O atleta da ABDA explica que, além dos treinamentos, tem procurado trabalhar a parte psicológica, muito importante em uma maratona, ainda mais nas Olimpíadas. ?No meu momento de descanso, coloco as pernas para cima e ouço músicas de motivação. O mais importante é dar uma descansada também na parte psicológica para que no momento critico da maratona, quando começa a doer dos pés à cabeça, eu esteja preparado?, explica Daniel.
Expectativa do atleta - Com todo apoio da equipe multidisciplinar da ABDA, Daniel Nascimento segue com foco total nos Jogos Olímpicos. ?Minha rotina aqui é muito focada, não temos distração nenhuma no Quênia. Além dos treinamentos, temos massagistas e preparação com treinador especialista em mecânica. A rotina é somente treinamento e descanso, treinamento e descanso, vivendo 100% focado para os Jogos Olímpicos?, conta Daniel Nascimento.
A expectativa de Daniel é representar bem o Brasil na tradicional prova da maratona olímpica. ?É bom estar muito focado, concentrado. Mesmo sabendo que vou competir com os melhores do mundo, eu quero fazer uma prova bastante tática e após os 21km (dos 42.195 totais) vou deixar para ?seja o que Deus quiser?. Mas espero mesmo ficar entre os 10 primeiros da maratona?, planeja o atleta olímpico da ABDA.
Diferencial queniano - Mesmo estando há pouco tempo no berço dos campeões mundiais, as profissionais da ABDA arriscam entender o motivo do destaque dos quenianos no atletismo. Na avaliação delas, fatores anatômicos, fisiológicos, climáticos e a tradição do esporte no país contribuem para que eles tenham um desempenho melhor.
?A impressão que tivemos aqui no centro de treinamento é que alguns fatores são essenciais para o bom desempenho dos quenianos. Primeiro, a anatomia propícia para esportes de fundo. Eles também têm o hábito de treinar na altitude, o que facilita ainda mais. E, fora isso, talvez eles se comprometam de uma forma diferente, porque eles treinam em lugares de concentração, têm pouco contato com tecnologia e vida social, justamente para ficarem concentrados e focados no treinamento?, avalia a médica da ABDA.