Aluno da ABDA põe em prática aula de primeiros socorros e ajuda pessoa na rua até chegada do SAMU
Salvar uma vida é uma atitude que não tem preço. Ver uma criança contribuir com essa ação é ainda mais gratificante. Esse foi o objetivo alcançado recentemente pela parceria firmada entre a Associação Bauruense de Desportes Aquáticos (ABDA) e o Projeto Samuzinho.
No mês passado, enquanto brincava de pipa no Jardim Vitória, em Bauru, Henrique dos Santos da Silva Ferreira, 12 anos, aluno do Projeto Social Hahaha e da ABDA Atletismo, se deparou com uma situação de emergência na rua. O menino viu um homem cair e, graças à aula de primeiros socorros oferecida na ABDA Atletismo pelo Samuzinho, conseguiu identificar que se tratava de uma crise convulsiva. ?Deixei a pipa e fui ajudar. Coloquei a mão debaixo da cabeça dele e virei o rapaz de lado, como ensinado na aula. Pedi para outra pessoa que estava junto, continuar segurando o moço assim e corri falar para minha avó ligar para o resgate?, relembra Henrique.
Quando o SAMU chegou para atender a vítima, um homem de 38 anos segundo a avó de Henrique, tudo estava organizado e as pessoas no local instruídas. ?Eu estava de plantão e fui acionado para ir nesta ocorrência. Quando cheguei, o Henrique estava lá e ficou todo orgulhoso por conseguir ter ajudado. Foi um presente de Deus, ver um aluno meu de 12 anos já dando fruto do resultado dessa parceria com a ABDA?, contou Thiago Rodrigo Alavarce, enfermeiro e neuropedagogo que coordena o Projeto Samuzinho em Bauru. Thiago atua como socorrista (técnico de enfermagem) na ambulância de suporte básico (USB) do SAMU.
No Samuzinho, as crianças aprendem técnicas básicas de socorro, tais como lateralizar uma pessoa que esteja vomitando, proteger a cabeça de alguém em crise convulsiva e iniciar massagem em vítima de parada cardíaca. ?Tudo isso é importante por causa do tempo de deslocamento da ambulância. Também ensinamos quando não se deve chamar o SAMU, como nos trotes ou em casos em que a pessoa não corra risco de morte. A criança aprende a usar o serviço com consciência, a ligar 192 em caso de dúvida e definir com o atendente a necessidade da ida da ambulância?, explica Thiago.
Contra trotes - O Projeto Samuzinho nasceu no Distrito Federal, em 2005, com a intenção de conscientizar as crianças em idade escolar pertencentes ao ensino fundamental de escolas públicas e privadas quanto à importância e finalidade do programa SAMU ? 192. Dentro do programa, inicialmente eram oferecidas palestras e aulas para ensinar o quanto o trote é prejudicial ao serviço. Com o tempo, viu-se a necessidade e a importância de implantar aulas de primeiros socorros.
Em Bauru, o Samuzinho foi implantado em 2009 e, além das técnicas de primeiros socorros e explicações sobre trotes, foram criadas aulas de cidadania, visitas e passeios didáticos. ?Nosso objetivo não é formar pequenos socorristas, mas ajudar na formação das crianças enquanto cidadãos, para que elas saibam a importância do SAMU, da Polícia, dos Bombeiros. Saibam que existem doenças graves e como agir diante delas até a chegada do SAMU para socorrer?, afirma o coordenador.
Parceria com ABDA - Nas 3 primeiras turmas formadas em Bauru, foram orientados cerca de 300 alunos. Após um tempo parado, em 2019, o projeto foi retomado com a parceria entre ABDA e Samuzinho. Na parceria, a ABDA fez a doação dos uniformes e o Samuzinho atende os projetos sociais que frequentam a associação. ?A ideia é expandir, sair da sala de aula do Samuzinho e ampliar a quantidade de crianças abrangidas?, conta Thiago Alavarce.
Segundo o coordenador, a expectativa é atender, em 2019, apenas pela ABDA, 700 crianças. No total, até agora, somando ABDA e demais alunos, 900 já fizeram o curso. ?Até o final do ano, pretendemos chegar a 1.100. É muito legal ver esse primeiro caso de sucesso envolvendo uma criança da ABDA ajudando a salvar a vida de alguém passando mal?, afirma.
A secretária Simone Cerigatto Menezes Afonso, da coordenação do Projeto Social Hahaha que participa da ABDA Atletismo, conta que as crianças amaram aprender com o Samuzinho. ?É muito gratificante poder fazer alguma coisa para transformar uma realidade. E é exatamente isso que eles fazem. Instruem a criança a se comportar em uma situação difícil. Foi muito divertido e as crianças ganharam bastante conteúdo. Elas saíram da aula com outros olhos sobre trotes também?, conta a profissional.
Sobre o episódio com Henrique, ela conta que o menino se sentiu útil e em condições de ajudar. ?Para a gente é um sucesso ver a criança avançando, cumprindo um propósito, fazendo aquilo que ela precisava fazer. Foi muito bom?, completa.