Comandantes da PM, da Polícia Civil e secretário da Sebes destacam importância das atividades na comunidade bauruense
Bauru é a cidade com mais de 300 mil habitantes menos violenta em todo o Brasil. É o que aponta recente reportagem publicada pelo Jornal da Cidade, baseada em dados do "Atlas da Violência 2018 - Políticas Públicas e Retratos dos Municípios Brasileiros", lançado no ano passado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
Hoje, a Associação Bauruense de Desportes Aquáticos (ABDA) atende mais de 4.500 crianças e adolescentes com idades entre 6 e 22 anos, em Bauru. O objetivo é usar o esporte como ferramenta de transformação da sociedade e formação de cidadãos dignos.
A entidade oferece aulas de polo aquático, natação, natação paralímpica, atletismo e atletismo paralímpico, além de musicalização, pela ABDA Filarmônica, parceria da entidade com o escritório Abramides Gonçalves Advogados. Oferece ainda de aulas de reforço escolar, inglês e informática, essa última, fruto de parceria com a Finch.
Além disso, a ABDA conta com equipe multidisciplinar formada por médica, nutricionista, fisioterapeuta, assistente social e dentistas. Oferece também, atualmente, mais de 100 bolsas de estudos, sendo 30 em nível superior, para atletas que se destacam e apresentam evolução escolar diferenciada.
Considerando dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Bauru tem hoje uma população estimada de cerca de 375 mil habitantes. Abaixo dos 24 anos, faixa atendida pela ABDA, são mais de 104 mil pessoas na cidade. Nesse contexto, é possível dimensionar o impacto das atividades que mudam não somente a vida do atendido, mas de toda a família e até de quem convive ao redor, indiretamente.
Mesmo com muitos aspectos a melhorar na sociedade bauruense, a diminuição nos índices de violência urbana vem sendo sentida, ano após ano, segundo relatos de instituições que acompanham esse cenário, como a Secretária Municipal do Bem-Estar Social (Sebes) e o comando das polícias Militar e Civil.
Livre da ociosidade - Não é possível mensurar em números a influência exercida pela ABDA na melhora da cidade com relação à violência. Mas, estudos comprovam que projetos sociais que usam o esporte como ferramenta são importantes para tirar crianças e adolescentes das ruas.
José Carlos Augusto Fernandes, responsável pela Sebes, trabalha no dia a dia com a população mais vulnerável de Bauru e destaca que esportes e cultura são realmente as ferramentas mais importantes no combate à violência e às drogas.
?Não restam dúvidas que atividades como as desenvolvidas pela ABDA revertem o pior problema de hoje que é o quadro de ociosidade entre os jovens. Trazer a criança para um ambiente de socialização, onde ela crescerá vivenciando bons exemplos e tendo ídolos do bem faz toda a diferença?, afirma o secretário municipal.
Prevenção antes da repressão - Quem compartilha dessa ideia é o delegado seccional Ricardo Martines. Para ele, avanços na Segurança Pública acontecem quando há integração da ação da polícia com educação, saúde, religião, cultura e esporte. ?A Polícia Civil age no efeito e não na causa. Quem ataca a causa é a educação, a religião e a atividade esportiva?, pontua o delegado, que está à frente da Polícia Civil em Bauru desde 2013 e percebe um decréscimo ao longo dos últimos anos, no quesito violência.
Para Martines, o importante é tirar a criança do ambiente criminoso, onde ela sofre pressão do grupo e acaba entrando na criminalidade muitas vezes até por uma questão de status.
O delegado comenta ainda sobre o combate ao tráfico de drogas. ?O tráfico se combate com repressão e prevenção. A polícia fica com a parte da repressão que sozinha não detém o tráfico. A educação é o melhor caminho, aliada a medidas de saúde?, afirma.
Bons exemplos - Para o comandante do 4º Batalhão da Polícia Militar do Interior (BPM-I), tenente coronel Ézio Carlos Vieira de Melo, a boa colocação de Bauru no ?Atlas da Violência?, é fruto de uma série de ações coordenadas, que incluem o trabalho das forças de segurança e adoção de políticas públicas em áreas como Assistência Social e Educação, além de ações de empresas privadas com consciência social. "Notamos que os índices de mortes violentas vêm sendo reduzidos ao longo dos anos", diz o comandante.
Segundo ele, atividades como as da ABDA, ajudam a tirar a criança do contexto de um caminho inadequado, principalmente na periferia. Para o coronel, enquanto a Polícia Militar atua no caráter preventivo, as ações sociais ajudam a melhorar o contexto como um todo.
O comandante da PM faz questão de ?dividir os louros? da boa colocação de Bauru no ?Atlas da Violência?. ?As atividades da ABDA ajudam nesse sentido, pois contribuem para evitar a violência na vida das crianças, tirando as pessoas do caminho inadequado. O esporte tem fundamental importância para colocar as crianças no rumo certo, através da disciplina e do exemplo?, explica o coronel Ézio, que é graduado em Educação Física.
As atividades da ABDA tiveram início em 2010, com poucas crianças em uma única piscina, a partir do sonho dos empresários Claudio e Jr. Zopone de fazerem a diferença na sociedade. Hoje, a ABDA está nos quatro cantos de Bauru com aulas em 8 centros: Arena ABDA, Hípica, Multicobra, BTC, ADPM, Campo do Oriente, Milagrão e mais recentemente na ITE por meio de uma parceria com a instituição de ensino para ampliação das aulas da ABDA Filarmônica.
Desde sua fundação, ao longo dos anos, a ABDA obteve muitas conquistas por meio do esporte, com atletas atingindo o alto rendimento e disputando os principais campeonatos no Brasil e até no Exterior. Porém, para os idealizadores da ABDA, as maiores vitórias consistem em saber que o Projeto Futuro contribui para a melhoria da sociedade bauruense e ver as crianças evoluírem, se tornando adultos responsáveis, com uma boa formação escolar e profissional.
Texto: Sheila Junqueira | Assessoria de Imprensa/ABDA